1 de junho de 2012
Sinto...
Dói,
não um pouco,
O bastante para perceber que existe.
É uma dor cortante,
Como se toda me desfizesse,
Assim como são todas as dores,
E também esta.
E por mais que eu tente
Ela não passa
E a angústia não sara…
E assim fico,
Agarrando a dor.
E assim fico,
Distante, perdida, só.
E por mais que tente,
Não compreendo,
Como se ligam duas pessoas,
Quando existe um oceano de distância.
Sinto falta dos poemas,
Sinto falta das palavras,
Sinto falta …
Sinto falta…
25 de dezembro de 2011
Sou o fantasma de um rei Que sem cessar percorre As salas de um palácio abandonado... Minha história não sei... Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre A ideia de que tive algum passado... Eu não sei o que sou. Não sei se sou o sonho Que alguém do outro mundo esteja tendo... Creio talvez que estou Sendo um perfil casual de rei tristonho Numa história que um deus está relendo... Fernando Pessoa
Mágoa
Nas grandes horas em que a insónia avulta Como um novo universo doloroso, E a mente é clara com um ser que insulta O uso confuso com que o dia é ocioso, Cismo, embebido em sombras de repouso Onde habitam fantasmas e a alma é oculta, Em quanto errei e quanto ou dor ou gozo Me farão nada, como frase estulta. Cismo, cheio de nada, e a noite é tudo. Meu coração, que fala estando mudo, Repete seu monótono torpor Na sombra, no delírio da clareza, E não há Deus, nem ser, nem Natureza E a própria mágoa melhor fora dor. Fernando Pessoa
7 de janeiro de 2010
Ausência
Porque há caras que se tornam feias,
Porque há gestos e ausências que ferem,
Porque há olhares que queimam,
Porque há sentimentos que acabam.
A perda, o vazio, o silêncio...
Nada é eterno, tudo pode ser esquecido...
Essas recordações que fizeram parte de mim,
Não ficarão gravadas na memória.
Simplesmente já não existem...
16 de dezembro de 2009
2 de novembro de 2009
Aqui...
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei
Que coisas eu sonhei.
Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto
Para um espaço aberto
Que não conheço, pois que despertei
Para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar.
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei -Fernando Pessoa
25 de setembro de 2009
8 de setembro de 2009
Fuga?...

Um dia decidiu pôr fim a tudo...
Abriu o seu coração, espreitou para dentro, viu alegria, felicidade ,respeito, amor...
E pensou que desta vez, iria resultar...
(Não, não é fuga... é encontrar-me outra vez...)
.
.
No entardecer dos dias de Verão
.
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
.
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...
.
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir...
.
Alberto Caeiro
12 de agosto de 2009
Até breve...

Navio que partes para longe,
Por que é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
Porque quando te não vejo, deixaste de existir.
E se se tem saudades do que não existe,
Sinto-a em relação a cousa nenhuma;
Não é do navio, é de nós, que sentimos saudade.
Navio que partes para longe - Alberto Caeiro
Até breve...
11 de agosto de 2009
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